segunda-feira, 14 de maio de 2007

Big post filosófico...

É chegado o tempo de decisões. Até agora estamos ainda na inércia da mercenarização na América, e até eu que mandei pelos ares os planos iniciais e estive muito livre nos EUA me sinto perdido pelo absurdo vazio que se estende diante de nós a partir do momento em que sairmos dos EUA. O exato vazio que nos trouxe até aqui.

A conversa começou com o Rapadura, anunciando: "Eu vou trabalhar até 17 de junho e viajo no dia 20 para o México em direção à Cuba." E aí o povo começou a discutir as prioridades uma vez mais e com alguns ajustes ficou mais ou menos tudo ajustado. Ivan e Rapadura irão sair no dia 25 de Junho para o México e Cuba, Playboy e Sósia ficam um pouco mais aqui, até o dia 10 de Julho, e partem para o leste europeu. E eu? Pois eis que eu sei lá!! Vejamos o desenrolar dentro da minha cabeça. Voltemos um pouco no tempo, para que os que não saibam possam saber. Penso nessa viagem há uns 4 anos, desde antes de entrar na faculdade. Ela foi adiada em 1 ano pois não passei no vestibular de primeira, e o período da viagem era definido pelo ano em que estaria na faculdade.

Até pouco antes de vir para os Estados Unidos, a idéia da viagem era de se matar, literalmente de trabalhar aqui nos EUA e juntar o máximo possível sem aproveitar absolutamente nada. Depois ficar uns 8 meses sem trabalhar nada, num mochilão constante, sempre em trânsito, poucos dias em cada lugar, com um roteiro mais ou menos planejado.

Aí eu cheguei por aqui e começei a trabalhar forte mesmo, mas logo depois veio uma bagunça danada e o começo da danação: uma viagem pra Las Vegas. Na viagem eu conheci melhor o povo do escritório onde eu trabalhava e para minha sorte e para o azar dos meus planos, o pessoal era gente muito legal e foi ali que eu chutei o balde, quase que sem perceber.

Era festa vira e meche, barzinho quase sempre e as famosas visitas ao Whole Foods market, para queijos e vinhos. No meu escritório havia pessoas de 17 nacionalidades, então eu tinha ali mesmo muita bagagem pra jogar conversa fora, e eu aproveitei mesmo o tempo que passei com eles. Conversava muito com muitas pessoas, tinha bastante tempo pra mim também, e então foi meio assim sem perceber que mudei completamente a filosofia da viagem.

Não acho que ela estivesse errada. Mas também não acho que seja o mais acertado. A motivação pra mudar o roteiro completo da viagem é primeiramente financeira: o longo tempo de bonança em Austin consumiu os recursos que seriam destinados à outra parte do mundo, onde eu inicialmente pensava em ter tempo pra mim e para fazer festa. A mudança entretanto não ficou apenas na conta bancária. Agora não me faz mais sentido ir a algum lugar e não ter alguma pessoa com quem manter contato por lá, uma casa para ficar na próxima visita, uma memória que não tenha custado nada. Essencialmente mudou a filosofia da viagem, na verdade não, mudou a maneira como eu acho que deva dar cabo a essa filosofia.

Eu quando sai do Brasil ja tinha pra mim que o único objetivo era viver um ano bom e acima de tudo marcante. Eu queria ver e viver coisas que marcassem a minha cabeça profundamente, daquelas que eu lembrasse como se fosse ontem até no penúltimo dia da minha vida. Achava que a melhor maneira de me expor a isso era me expor a quase tudo, e por isso ficaria pouco tempo em cada lugar, sempre de cabeça aberta, mas sempre em trânsito, viajando nas diferenças ao se deparar com os choques em cada fronteira cultural que cruzasse.

E agora? Eu sei lá! Mas não acho que possa ver o mundo em 1 ano, e tenho certeza de que tenho muito mais que um ano pra ver ele, então não preciso ter pressa, e sim paciência. Não preciso estar tanto tempo ocupado... longos dias de ócio cairão bem no meio de tanta diversidade - não se enganem, eu não vou ver tudo mais ainda vou ver muito - Como eu li no livro do Churchill, uma mente forte se constrói no pendulo entre a sociedade e o exílio. É preciso que o corpo experimente sensações e depois é preciso dar-se tempo para degustar e digerir tudo, senão vira tudo merda pra baixo do cano e não sobra nada... Por isso o vazio que tenho na minha frente se torna ainda mais estarrecedor. Eu me desliguei do plano que tinha inicialmente e me desliguei da idéia de ter um plano, então o que eu vou fazer em 7 meses? De fato tive de pensar, pois senão eu fico só aqui e não faço nada, então o que veio a definir?

Felizmente minha faculdade tem um convênio com algumas faculdades européias, e foi isso que definiou pra onde eu vou esse ano. Provavelmente farei 6 meses de faculdade na Europa, o que me deve levar a viver por lá 8 meses. Sendo assim, deixa pra depois a febre de Ibiza, Barcelona e Amsterdan, e vamos ao que talvez não vejamos depois.

Resultado: Eu saio dos Estados Unidos direto pra Índia, e minha viagem se restringe ao Sudeste Asiático. Serão 5 meses entre Nepal, Tibet, Índia, Camboja, Laos, Vietnam, Filipinas, Indonésia e outros menorzinhos. Plano? Poucos... Taj Mahal, Koh Phi Phi, Angor Wat, Bangkok. Talvez eu vá para Austrália e Nova Zelândia, ou ainda alguma ilhota no meio do pacífico, mas isso ainda é incerto...

Antes disso eu visito a ilha do Fidel, antes que ele morra. Cuba é o país que mais me interessa de todos, pois me parece que seja um dos mais únicos, e que não deva durar muito tempo do jeito que é, seja esse jeito como for...

Serão então 6 meses ao relento... O mais legal é que antes o plano era o que mais eu tinha pra viagem... agora eu tenho claro que o que está dentro do plano é na verdade a pior parte...

Um comentário:

Jerônimo disse...

Ei Pato, fico feliz por essa sua mudança de planos. :-)